terça-feira, 23 de dezembro de 2008


Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh'alma apaixonada
Nas folhas perfumadas duma flor.
E como a alma, dessa florzita,
Que é minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!
Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao meu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu'inda existe...
Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

Um comentário:

João Roque disse...

Florbela Espanca não é só uma das minhas poetisas favoritas, como também uma das que mais me tem a dizer no momento que vou vivendo.
Feliz Natal.
Abraço.