terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A espuma dos dias...




A espuma das ondas
que nos devolve o encanto dos dias passados,
que nos inebria com os aromas na memória perdidos,
que nos exalta os sentidos,
que nos faz viver e querer e, dormir...

Porquê ausente ...


Porquê ausente?
Não sei...
é a correria do tempo,
é a vida que se escapa,
é a mente que esvoaça e o corpo que se esvai.

É a tua presença que ofusca
ou a tua ausência que me cega?
A inspiração é ténue e ao correr da pena,
o desabafo na noite fria,
o lamento da minha nostalgia ...


Nessa tarde mimosa de saudade
Em que eu te vi partir, ó meu amor,
Levaste-me a minh'alma apaixonada
Nas folhas perfumadas duma flor.
E como a alma, dessa florzita,
Que é minha, por ti palpita amante!
Oh alma doce, pequenina e branca,
Conserva o teu perfume estonteante!
Quando fores velha, emurchecida e triste,
Recorda ao meu amor, com teu perfume
A paixão que deixou e qu'inda existe...
Ai, dize-lhe que se lembre dessa tarde,
Que venha aquecer-se ao brando lume
Dos meus olhos que morrem de saudade!
Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

domingo, 28 de setembro de 2008

A nova heroína do fado....



Aldina Duarte uma quase desconhecida até recentemente, aparece a meus olhos como a heroína da tragédia grega, dilacerando o Verbo e o Sentimento...



Amor, é um arder, que se não sente


Amor, é um arder, que se não sente;
É ferida, que dói, e não tem cura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente.

É fogo, que consome ocultamente;
É dor, que mortifica a Criatura;
É ânsia a mais cruel, e a mais impura;
É frágua, que devora o fogo ardente.

É um triste penar entre lamentos;
É um não acabar sempre penando;
É um andar metido em mil tormentos.

É suspiros lançar de quando em quando;
É quem me causa eternos sentimentos;
É quem me mata, e vida me está dando.

(Abade de Jazente)

Tarde de fim de Verão - Porto Côvo


O Verão termina, o Sol se põe ...


O calor desvanece-se

E na memória da água e da vida, o pontilhado de ouro deixado pelo Sol, ilumina os dias vindouros...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ainda Varsóvia

Contrapondo á minha nota anterior deixo a imagem do grande "mamarracho" de Varsóvia: o Palácio da Cultura, oferecido por Stalin á Polónia! O edifício é monstruoso e só pensar que em Moscovo foram edificadas 7 maravilhas idênticas... talvez se fique com uma ideia do regime "neolítico" que antes por aquelas paragens imperava!

De notar no entanto a proliferação actual de edifícios modernos (estes bem semelhantes a tantos outros mamarrachos de betão e vidro que vemos por todo o mundo chamado moderno....)

Warsawa - Varsóvia

Um exemplo do que o Homem pode fazer: a cidade de Varsóvia inteiramente reconstruída pelos Polacos, depois da 2º Grande Guerra! Impressionante!


Praça principal em Varsóvia


Praça do Mercado (se quiserem experimentar um bom restaurante aqui vai: (http://www.ufukiera.pl/)
Estive muito recentemente em Warsawa (Varsóvia) e não pude fazer fotos como tanto teria desejado porque a câmara electrónica pifou...
Mas o Pai-Google sempre dá uma uma mãozinha...
Aqui ficam duas imagens actuais de alguns recantos daquela cidade que inteiramente destruída pelos nazis na 2ª Grande Guerra, foi inteiramente reconstruída pelos Polacos que vindos de diversas partes do seu País, recuperaram pedra a pedra, telha a telha, a cidade que antes tinha sido uma das mais belas capitais da Europa. Hoje lá está, viva, com gente simpatiquíssima, restaurantes óptimos e querem saber? nem nos damos conta que as ruas e as praças não são as originais...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Beijo-te

Beijo os teus olhos
Para que vejas
O nascer do Sol,
O mar,
Os rios,
As montanhas, os campos,
O céu e as estrelas,
As pessoas e os pássaros,
Os sorrisos e as lágrimas

Beijo o teu nariz
Para que sintas o aroma
Da terra e das flores,
Da maresia,
Dos corpos,
Das especiarias

Beijo os teus lábios
Para que degustes
A água e o vinho,
O chocolate,
As especiarias,
Os frutos,
E para que com a palavra te abras ao mundo

Beijo os teus ouvidos
Para que escutes
Os sons da música,
O ruído das vagas,
O uivo dos ventos,
O sussurro dos poemas,
O silêncio da noite,
As palavras dos que te cercam

Beijo as tuas mãos
Para que sintas
O calor dos corpos,
O frio da neve,
O veludo das pétalas das rosas
A textura da seda e do linho,
E para que acaricies quem amas

Beijo a tua face para que sintas a ternura que tenho por ti…

Madrid, 3 de Setembro 2008

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Hoy por la mañana, Madrid



Uma caminhada rápida hoje em Madrid, no fim de outras funções e que se iniciou aqui,olhando as "trazeiras" de D. Quixote


E as "frentes" do dito





Palácio Real (não perguntei se Letícia está melhor do narizinho...)

Sol

Gran Via

Torres Cólon







"Escultura viva" no Passeo do Prado


Terminando numa Visita aos Amigos no Prado (El Greco, Velazquez, Goya, Zurbaran., Caravaggio...) e visitando estes dois jovens que sempre me acolhem com tranquilidade (única-foto-clandestina...)

Madrid é uma cidade Monumental e tem um acervo de arte incrível. Os espanhóis são simpáticos mas a comida....

domingo, 31 de agosto de 2008

A Escola de Platão

Paris é uma cidade cheia de recantos, "de savoir faire, savoir vivre, savoir aimer..."


Conhecer Paris faz parte da rota dos amantes da Beleza, da Arte, da Música e da Fantasia!
Paris é uma cidade belíssima!



Um domingo, faz algum tempo, levantei-me cedo e visitei mais uma vez o Museu d'Orsay


Passei horas a fio desfrutando o gosto de ver coisas belas, de me encontrar noutro mundo, longe da rotina do dia-a-dia.
Bem no fim da visita repousei como sempre, longos minutos, olhando esta inspiradora pintura de Jean Delville (1889) http://www.musee-orsay.fr/en/collections/works-in-focus/search/commentaire/commentaire_id/platos-school-3096.html?no_cache=1&cHash=cb44e4969b
A não perder!
Bom Domingo!



sábado, 30 de agosto de 2008

Eu amo tudo o que foi

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que me já não dói
A antiga e errónea fé
O ontem que dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
(Fernando Pessoa, 1931)



Amor é o olhar total, que nunca pode


Amor é o olhar total, que nunca pode
ser cantado nos poemas ou na música,
porque é tão-só próprio e bastante,
em si mesmo absoluto táctil
que me cega, como a chuva cai
na minha cara, de faces nuas,
oferecidas sempre apenas à água.

(Fiama Hasse Pais Brandão )

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Orquídea, Ajuda 2006


De vez em vez aqui reverás flores que temos visto juntos ...ou não!


Lis-óptima-boa !!!


Pela certa que ninguém duvida que esta cidade é linda, mas... http://lisboasos.blogspot.com , vale a pena espreitar!

Deficiências...

DEFICIÊNCIAS
De Mário Quintana

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco"' é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois

" A amizade é um amor que nunca morre".



domingo, 24 de agosto de 2008

Alentejo

Conheço esta árvore há muitos muitos anos. É um sobreiro certamente centenário e que estaria rodeado de tantos outros mas que de repente atravessaram-lhe a casa com uma estrada (entre Melides e S. André, do lado esquerdo nessa direcção...). Ia sempre conversar com ela todos os anos, este ainda não a vi!


Quando ouço ao telefone a voz que brinca


Quando ouço ao telefone a voz que brinca
e canta, sem saber, os dias novos,
pouco me importam tempo, espaço, luas,
ou maneiras sequer de ser humano.

Vagueio pelo ar, e arranco estrelas
ao cenário sem fim do universo;
e faço pobres contas aos cabelos
depenados no chão, verso após verso.

Nada é real, senão o meu desejo,
nem sei de lei nenhuma que não dobre
a dura mansidão da tua boca;
inventou-nos um deus, para que seja
veloz o lume na manhã sem nome,
e chama viva a voz que nos consome

(António Franco Alexandre)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O sorriso que necessitamos...

O teu riso

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Speklia formosissima


Todos os anos, pela Primavera, estas flores nascem em minha casa. Depois vem o Verão e desaparecem...
Como sinto a sua ausência pelos dias adiante e como me alegro vê-las regressar !
Já disse adeus
A tanta terra a tanta gente
Nunca senti
Meu coração tão magoado
Inquieto por saber
Que o tempo vai passar
E tu vais esquecer o nosso fado...

(http://www.youtube.com/watch?v=Afbph9EN6ZY)