Quando ouço ao telefone a voz que brinca
e canta, sem saber, os dias novos,
pouco me importam tempo, espaço, luas,
ou maneiras sequer de ser humano.
Vagueio pelo ar, e arranco estrelas
ao cenário sem fim do universo;
e faço pobres contas aos cabelos
depenados no chão, verso após verso.
Nada é real, senão o meu desejo,
nem sei de lei nenhuma que não dobre
a dura mansidão da tua boca;
inventou-nos um deus, para que seja
veloz o lume na manhã sem nome,
e chama viva a voz que nos consome
(António Franco Alexandre)
4 comentários:
Parece que com estes dois poemas seguidos me estás a desnudar o coração: primeiro, o sorriso que uma webcâmara transmite; agora a voz repetida várias vezes diariamente nos nossos telemóveis, como um canto lindo...
não conhecia o poema nem o poeta. gostei!
Creio que breve, pelo que me tenho dado conta pelas tuas notícias, a poesia se transfomará em realidade!
Como eu te entendo...
Um abraço
Violeta:
De facto o nem o poema nem o poeta são também meus conhecidos. O texto vem publicado na antologia 366 de Poemas que Falam de Amor, do Vasco Graça Moura. Obrigado
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